Os conteúdos em vídeo estão crescendo cada vez mais na internet, mas poucas pessoas percebem o impacto que este formato possui. Com novas tecnologias surgindo a cada dia e com tempo cada vez mais escasso, consumidores estão preferindo assistir a vídeos sobre produtos e serviços.
Atentos à essa nova realidade, o pessoal da Revista Proxxima conversou com Gian Martinez, que já foi diretor de inovação e criatividade da Coca-Cola e hoje cuida da Winnin. Confira um trecho da entrevista abaixo:
Proxxima: Na sua opinião, desde as experiências artísticas com vídeo em flash, passando pelo nascimento do Youtube, até os dias de hoje em temos apps como o Snapchat, o que mudou? Por que cada vez mais as pessoas consomem conteúdo em vídeo?
Gian Martinez : Sem dúvida a grande mudança que vimos nessa última década foi a democratização absoluta da produção e distribuição do conteúdo em vídeo. O desejo de "contar histórias" é inerente a nossa condição humana e o formato audiovisual é o que proporciona a experiência mais completa nesse sentido. Nossa sociedade nutriu durante muito tempo uma demanda reprimida por poder se comunicar por vídeo que vem sido atendida por essas novas tecnologias e ferramentas que estão, literalmente, à palma da mão.
P: Pra você quais são as plataformas que estão mudando o consumo de vídeo no mundo? Pode justificar em uma frase o porquê dessas opções?
GM: O mais intrigante e maravilhoso da revolução do vídeo é perceber que muitas plataformas estão mudando o consumo de vídeo de formas muito diferentes e todas relevantes. Mas se tiver que destacar um movimento mais protagonista é o movimento do vídeo "móvel". O consumo de vídeo por celular já ultrapassou a barreira dos 50%. Dentro desse movimento específico vale, claro, destacar o Snapchat especificamente com o "feature stories". Do ponto de vista da produção foi também a entrega da mobilidade que fez a GoPro virar o que virou. Mas a próxima grande onda realmente virá das experiências de conteúdo imersivas com tecnologias como a do Gear VR feita em parceira entre a Oculus e a Samsung.
P: Quando falamos de conteúdo audiovisual no terceiro mundo, onde a internet é precária, o que você identifica como oportunidades e dificuldades?
GM: A grande dificuldade é a quantidade de dados que os vídeos consomem. A estimativa é que o vídeo corresponde a mais de 70% do tráfego total de dados na internet nos próximos 2 anos. Apesar da popularização do WiFi nos lugares onde a renda é mais baixa isso inevitavelmente limita o seu consumo. Mas é uma questão de tempo para esse desafio ser superado.
P: Com a ascensão dos vídeos sob demanda, como você vê os veículos de massa em uma década?
GM: Essas plataformas digitais são sem dúvida os novos veículos da grande massa global. Mas isso não significa que não haverá espaço para os demais veículos. Pelo contrário. Veremos gigantescas indústrias de conteúdo nascendo de nichos específicos como Games e Beleza. Vencerão aqueles que dominarem a disputa por relevância em cada um desses espaços que representam milhões de consumidores e espectadores apaixonados. Essas empresas investirão mais e mais em conteúdos exclusivos como transmissões ao vivo de eventos (esportivos, musicais, etc.) ou séries originais (Netflix, HBO, etc.) com o objetivo de garantir produtos premium e reter a atenção da audiência. Esses serão os produtos que irão possibilitar alta margem de lucro junto ao mercado publicitário.
P: Você acha importante o conteúdo audiovisual também ser interativo? Ou acredita que séries, novelas e filmes ainda têm seu lugar?
GM: Nem todo conteúdo audiovisual precisa ser interativo e sem dúvida teremos muitas séries, novelas e filmes de sucesso mesmo nesse novo contexto. Todas essas diferentes ferramentas devem ser adotadas apenas se realmente fizerem sentido para que a história seja contada com todo o seu potencial. Devemos evitar adotar as ferramentas simplesmente porque todo mundo está falando delas, porque a chance de dispersar os seus esforços e perder atenção nesse caminho é muito grande.
P: Falando ainda sobre formatos mais tradicionais, como novelas e séries, o quão importante é o conteúdo em vídeo expandido desses projetos para outras plataformas?
GM: É uma questão de aumentar o seu alcance e poder de distribuição. Expandir o seu conteúdo em vídeo de forma que ele trafegue com desenvoltura nesse contexto multi plataformas significa fazer com que mais pessoas tenham acesso a ele e possam se tornar consumidores dos mesmos.
P: Se você fosse uma marca grande de consumo de massa e estivesse planejando seu budget do ano que vem, o quão importante seria o investimento em novos formatos de vídeo?
GM: As marcas precisam se conectar de forma relevante com os consumidores nos lugares em que eles estão dedicando o seu tempo e "assistir vídeos na web" é com certeza um dos principais comportamentos dessa nova geração. Portanto, planejar a presença da marca nesse contexto de vídeos multi plataformas é central. Porém, mais importante do que definir o quanto vai ser gasto ali, é definir como será feito esse investimento. O foco tem que estar na relevância.
Leia a matéria da Proxxima na íntegra aqui: www.proxxima.com.br